Condução e Resposta
Como conduzir e ser conduzida
Por Jeferson Costa
É comum ouvir a frase: “Eu danço sim, se o homem souber levar...”
Certo mas o que é saber levar?
Na dança de salão saber levar é o mesmo que saber conduzir a dama, mas isso por si só não é garantia de que dará certo. Quanto mais avançada for a dança, mais vai exigir resposta da dama no momento da dança, dividindo assim essa responsabilidade da condução. A obrigação de estar atento na dança já passa a ser dos dois porque não vale a pena fazer um passo complexo se corre o risco de um desfecho desagradável, como pedir para a dama um passo avançado e ela esbarrar em outro casal, ou talvez até cair no chão por conta desta tentativa.
Dentro deste tema temos vários conceitos e situações.

Renata Peçanha e Jorge Peres
Condução
Condução é mostrar para a dama de maneira sinestésica a proposta de movimentação, ou seja, ele não usa códigos ou a fala para indicar o passo que irá realizar; simplesmente faz um movimento que induz ou sugere o movimento que ela deve executar. Esse movimento de condução não deve ser oposto ao sentido do passo, ele deve sugerir a movimentação que a dama deve fazer. Mais como assim? O cavalheiro não pode levar a dama para um lado quando na verdade ele quer que ela vá pra outro, ou girar no sentido horário quando ele quer que ela gire anti-horário. Se existir dois passos com a mesma condução, ai a coisa complica, pois isso, em minha opinião, caracteriza diferença de estilo. Dentro de um mesmo estilo não pode haver dois passos iguais com a mesma condução. Nesse caso, o cavalheiro ou a dama, aquele que for mais avançado deve se adaptar na maneira de dançar do outro para que se entendam na dança.
Erros comuns de condução:
- Fazer o passo sem conduzir a dama.
- Abraço mal posicionado.
- Conexão (abraço ou pegada) mole ou firme demais.
- Braço que se mexe demais e confunde o parceiro.
- Condução leve demais ou forte demais.
- Ficar longe ou perto demais da dama.
- Condução no momento errado.
Para melhorar a condução devemos sempre dançar com damas diferentes, e perguntar para seu professor a condução mais adequada a um determinado passo, e suas alternativas de condução, e claro repetir bastante.
Resposta
Resposta é o oposto de condução que, dessa vez, cabe à dama. Ela deve interpretar o estimulo ou proposta do cavalheiro (condução, código ou intenção), e traduzir em uma resposta de movimento ou interpretação. É verdade que um cavalheiro que tem uma boa condução faz muito, mais se a dama tiver conexão frouxa, ele não fará milagres, nem Jaime Arôxa faz. A dama deve ficar relativamente firme na conexão com o cavalheiro a fim de entender a tempo a condução, mais não ficar rígida demais e atrapalhando a execução de seus próprios movimentos ou os do parceiro. A dama deve ficar atenta quanto ao ritmo e musicalidade dentro da proposta de passo do cavalheiro. As damas mais avançadas entendem bem rápido a condução do cavalheiro e conseguem fazer interpretações além da condução que deixam quem observa com vontade de dançar com ela; o que não pode acontecer é o contrário, quando ela mau aprende o passo e já logo se preocupa com os enfeites.
Erros comuns na resposta:
- Tentar conduzir o cavalheiro.
- Conexão frouxa ou dura.
- Ficar longe ou perto demais do cavalheiro.
- Ter sequência viciada de passos.
- Tentar adivinhar o próximo passo.
Para melhorar a resposta à condução, a dama deve ficar atenta ao tronco do cavalheiro, manter o braço relativamente firme, disse relativamente, pois deve estar sensível a condução, mas não deve limitar seus movimentos nem os do cavalheiro.
Intenção
Conceito difícil, intenção é mostrar o passo sem condução física tradicional, apenas com um movimento corporal ou um gesto que subentenda um passo. O cavalheiro o indica com a cabeça, com o corporal, para reafirmar o passo que ele vai fazer com a dama, ou sinalizar um passo difícil para a dama se preparar. No caso de dançarinos que já estão práticos, às vezes só a intenção basta para se fazer entender deixando a dança mais leve e divertida.
Sabendo disso temos alguns recursos que posso citar que nos ajuda a mostrar intenção de um passo:
- Inclinação do corpo na direção que o movimento deve seguir.
- Desaceleração.
- Preparação corporal enfatizada.
Para criar uma intenção para um passo devemos pensar em qual efeito corporal, qual expressão corporal pode sugerir o movimento a ser conduzido e verificar se não fica exagerado.
Preparação
Preparação consiste em preparar a dama para fazer um passo seja ele difícil ou não, mais que se transportado a outras danças se torna uma técnica a mais para a dança de salão. Como posso citar a preparação para passos de salto como “colinho” do samba, “elevador” do forró, e o “giro duplo” da salsa.
A preparação também pode ser um movimento de condução sutilmente oposto a movimentação desejada. A preparação pode ser confundida conceitualmente com intenção, o que não é nada mais que condução prévia ao movimento. A intenção também pode servir de preparação, mas nem sempre são a mesma coisa; a preparação também pode ser uma condução prévia que antecede a condução do passo diminuindo a dificuldade de entendimento do passo por parte da dama.
Código
Código é um movimento que o cavalheiro faz que não tem a ver com o passo mais que serve como deixa para fazer um passo. Alguns cavalheiros, por inexperiência, assistindo vídeos na internet ou aprendendo sem fazer aula, podem cometer esse erro, e é daí que vem a ideia errada de que a dança de salão é combinada ou que é coreografada.
Para não correr o risco de fazer código sem perceber, é necessário dançar no improviso em práticas e bailes com damas diferentes e desconhecidas, ou perguntar ao seu professor se sua condução está correta para o passo em questão.
Os códigos não são totalmente negativos, mas eles criam um bloqueio que faz pequenos grupos só conseguirem dançar entre eles. Os códigos também são úteis nos casos de campeonatos ou de coreografias. Cuidado, pois um casal que possui muitos códigos na dança de improviso corre o risco de cair no descrédito pelo público.
Também acontece do casal que dança muito juntos estarem muito entrosados, e neste caso dá a impressão de dançar coreografado, mais na maioria das vezes é mera impressão.
O código deve ser sutil a ponto de não possa ser notado, assim como a condução, e lembrando que deve ser usado moderadamente em qualquer caso que seja.
Pausa
A pausa é usada quando se pretende fazer um passo complexo ou incomum para aquela dama. Faz uma pausa na parte difícil do passo para que ela não confunda com o que ela já esta acostumada ou outro que parece com o pretendido pelo cavalheiro, acontece à pausa, e a dama já sabe que não virá algo comum; ela fica mais atenta, e o cavalheiro com sua condução executa o passo, e talvez da próxima não precise usar mais a pausa. É melhor usar a pausa que arriscar um passo complexo demais de primeira e acabar esbarrando em alguém, se tornando um recurso a mais para dançar com iniciantes.
Para fazer uma pausa, você deve ter em mente que a dama terá dificuldade em realizar o passo, e você deve fazer o movimento pausado e com muita condução. Também é possível fazer devagar e depois voltar ao ritmo da música. O interessante seria usar pouco esse recurso, mais nunca deve-se ensinar a ninguém nenhum passo num evento, seja você cavalheiro ou dama, pois não cabe num evento social mesmo que você já seja professor.
Entrosamento
É quando o casal já está acostumado a dançar entre si e já conhece a condução um do outro, padrões da interpretação e amplitude de movimentos. Quando um casal atinge alto nível de entrosamento, ele consegue apresentar uma dança avançada com nível de dificuldade muito grande, enchendo os olhos de que vê. Às vezes pode-se dar a impressão de o casal ter passos viciados e coreografados o que pode até a acontecer, mas esse não é o ideal de entrosamento para danças de improviso.
Para se adquirir entrosamento, deve dançar muito com aquela pessoa e sempre fazer os passos mais complicados e medindo as dificuldades e facilidades do par. Mas cuidado, dançar muito com uma dama ou cavalheiro pode prejudicar a condução e resposta do casal nas situações de improviso.
Proposta feminina
Conceito novo na dança de salão, mas que já existia entre as damas mais avançadas e ousadas.
A dama, em um momento oportuno, sugere uma movimentação ao cavalheiro e ele deve ir atrás da proposta da dama(caso queira); tornando a dança muito mais divertida. Mas para chegar neste nível, a dama precisa praticar muito e ir estudando os momentos certos para adicionar mais esse elemento a sua dança.
Já no caso das variações e enfeites fica a cargo da dama fazer ou não, já que não atrapalha a dança em geral, e deve ser usada com bom senso para não ter informações demais da dança e acabar por banalizar sua variação ou enfeite.
Coreografia
Alguns desavisados ao participar de uma coreografia acabam incorporando passos coreografados que, feitos no salão, não correspondem à realidade causando estranheza nos espectadores e às vezes oferecendo risco a outros casais.
Coreografar sequencias em situações de improviso é um tiro no pé porque para quem já dança isso é muito evidente, apesar de ser bonito de se ver.
O segredo aqui é, faça aulas, contrate aula particular com o professor, e peça que lhe ensine como realmente deve ser feito os passos da coreografia, e se eles existem mesmo em uma situação de improviso. É com frequência que são adicionadas figuras que não existem para melhorar a parte artística de uma composição coreográfica.
Fases de evolução do dançarino referente condução e resposta
Durante o processo de aprendizagem de um passo em específico, geralmente todo cavalheiro e dama passa por fases comuns.
Fases da Condução e Resposta
Cavalheiro:
1º-Executa o passo sem condução.
2º-Executa o passo com condução mesmo desconfortável.
3º-Executa o passo com condução precisa e leve inclusive com enfeites.
Dama:
1º-Executa o passo só com bom cavalheiro.
2º-Executa o passo com qualquer cavalheiro.
3º-Executa o passo com beleza e enfeites e talvez com proposta ativa de movimento.
A essência é sempre fazer aulas para se atualizar sobre esses assuntos e ser corrigido para não cair em armadilhas. Agora que sabemos como conduzir e ser conduzida a experiência dançante do improviso se torna mais agradável, saudável e mais prazerosa.
Revisão Sarah Groc